terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Brotos, Alimentos Germinados


Com o ritmo de vida alucinante que levamos, a par dos problemas com a salubridade dos alimentos que ingerimos, cada vez mais somos impelidos a procurar opções dietéticas mais saudáveis. Nesta óptica, no artigo de hoje abordo o tema da germinação, uma técnica comum em muitos países asiáticos e também nos EUA, em alguns países europeus e que, em Portugal, já conta com muitos adeptos.

Chamam-se “alimentos germinados” aos rebentos ou brotos obtidos através da germinação de sementes de cereais e leguminosas. Normalmente, essa germinação é feita em casa e os rebentos obtidos são utilizados diariamente na alimentação. A germinação é um processo extraordinário que liberta as energias latentes na semente dando origem a uma planta. Através deste processo, o amido é transformado em açúcares mais simples pelas enzimas e as proteínas são decompostas em aminoácidos. Há absorção de grandes quantidades de água, sintetizam-se vitaminas e enzimas e há uma mobilização de minerais. Tal como a cozedura das sementes, a germinação é uma espécie de pré-digestão. Mas, ao contrário do que acontece com a cozedura, através da germinação não há perda de nutrientes, antes pelo contrário.

A quantidade de vitaminas aumenta substancialmente quando as sementes germinam. 

Por exemplo, a soja a germinar duplica o seu teor de provitamina A em 48 horas e passa para 280% em 54 horas. Outro exemplo é a vitamina C no trigo germinado que aumenta cerca de 600% nos primeiros dias da germinação e a vitamina E triplica em quatro dias. Para além do mais, no processo de desenvolvimento e até serem consumidos, os germinados não perdem nenhumas propriedades. 

O mesmo não acontece com outros vegetais que, ao ser colhidos ou cortados, perdem os seus nutrientes. Podemos encontrar grandes níveis de vitamina A nas sementes de alfafa, couve e ervilha. 

As vitaminas do grupo B existem nas sementes germinadas de alfafa, couve, grão-de-bico, lentilha, feijão mungo e rábano. Por seu lado, a vitamina E pode encontrar-se no trigo, aveia, centeio, alfafa, sésamo e girassol.  Os alimentos germinados possuem ainda minerais orgânicos, facilmente assimiláveis. 

Pode obter-se cálcio através dos germinados de girassol, grão-de-bico; potássio através do sésamo e feijão mungo; e o ferro encontra-se na alfafa e no fenogrego. 

Os germinados não têm praticamente gorduras saturadas e estão isentos de colesterol. 

Outro nutriente importante nos alimentos germinados é a clorofila. Assim, devido ao elevado valor nutritivo e diminuto teor calórico, este tipo de alimentos é já incorporado na dieta de muitos pessoas.

Na prática, este processo é simples e pode ser executado por qualquer pessoa sem que sejam necessários muitos utensílios. Na germinação ocorrem vários estágios, dando-se início ao processo quando se põem de molho as sementes, no mínimo durante 12 horas. Pode utilizar-se um frasco, por exemplo. Depois, as sementes devem ser passadas por água, até que esta esteja limpa. Deixam-se escorrer, cobrem-se de forma a que fiquem isoladas da luz e colocam-se inclinadas, devendo ser passadas por água, três vezes ao dia. Os rebentos germinados das sementes estarão prontos a ser ingeridos  quando tiverem poucos centímetros de comprimento. O tempo de germinação depende da semente utilizada mas, em média, este processo pode levar entre 4 a 10 dias.

Os germinados devem ser consumidos crus e podem ser usados para acompanhar outros vegetais, saladas ou molhos, por exemplo. Depois de colhidos podem ser colocados no frigorífico para se manterem frescos.

Por último, lembro que deve optar por sementes para germinar de origem biológica certificada, de modo a garantir a qualidade dos rebentos.

Há no mercado várias publicações onde poderá encontrar informações mais detalhadas sobre o processo da germinação, sobre o tipo de sementes e as suas propriedades, sobre os diversos tipos de germinadores que pode utilizar e até receitas.

Experimente, use a imaginação e alimente-se de forma mais saudável.

Guia excelente sobre germinação de todo o tipo de leguminosas, sementes e cereais

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Pedro Lôbo do Vale
Médico
Fonte: Dietimport
Publicado em 9/01/2013

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